Política de juros, spread bancário elevado, cobrança de elevadas taxas aos clientes do sistema financeiro, ciclo de aperto monetário, política de metas inflacionárias em desajuste com a realidade. Esses foram alguns dos temas abordados pelo senador Alvaro Dias nos questionamentos feitos aos dois novos diretores indicados para o Banco Central, e que foram sabatinados na manhã desta terça-feira (14) na Comissão de Assuntos Econômicos. A Otávio Ribeiro Damaso, indicado para ocupar o cargo de diretor de Regulação do BC, o senador Alvaro Dias afirmou que, apesar de a instituição ter procurado, nos últimos anos, corrigir as causas dos altos juros praticados no País, as margens continuam exorbitantes. “Diante desse quadro, que medidas são necessárias para convergir os juros e spreads bancários domésticos aos níveis praticados nas economias mais avançadas, e que sejam mais apropriados para a competitividade da produção doméstica?”, questionou o senador.

Já para Tony Volpon, indicado para a Diretoria de Assuntos Internacionais da instituição, o senador Alvaro Dias fez questionamentos a respeito da posição do futuro diretor sobre o ciclo de aperto monetário iniciado no ano passado pelo BC, e que já levou a taxa básica de juros a um aumento de 5,5% em poucos meses. O senador também indagou do indicado se ele considerava eficiente a elevação de juros em um cenário já recessivo da economia, além de questionar a opinião de Volpon sobre o sistema de metas inflacionários, que, segundo Alvaro Dias, passou a ser menos eficiente no governo Dilma.

“O ajuste monetário atual foi maior do que o ajuste anterior de 3,75%, entre abril de 2010 e julho de 2011, quando a economia crescia acima do PIB potencial. Também foi maior do que o ciclo de 2,5% anterior à crise de 2008, quando o nível de atividade também estava elevado. Todavia, o nível de inflação não está sendo afetado, flutuando acima de 8% no acumulado de 12 meses. As próprias expectativas inflacionárias de mercado para 2015 estão acima de 8%, portanto acima do teto da meta, apesar de todo aumento de juros acumulado e do quadro recessivo da economia brasileira. Será que não há outro instrumento menos custoso para conseguirmos o controle inflacionário?”, questionou Alvaro Dias na sabatina realizada na CAE.

Os dois economistas, nas respostas que deram ao senador Alvaro Dias, prometeram um combate rigoroso à inflação e disseram que farão de tudo para assegurar estabilidade do poder de compra da moeda, caso cheguem aos postos de comando da instituição.