Na sessão plenária desta segunda-feira (18/5), o senador Alvaro Dias (PSDB/PR) divulgou, a pedido do cirurgião paranaense Paulo Roberto Brofman, uma nota da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular sobre a crise da cirurgia cardiovascular. “Não poderia deixar de atender a esse pleito e trazer à tribuna do Senado preocupantes contornos do colapso no atendimento cirúrgico cardiovascular em nosso País, que atinge hospitais profissionais e pacientes”.

De acordo com o documento, representando os cirurgiões do Brasil, é muito preocupante a situação da assistência cirúrgica aos pacientes portadores de doenças cardiovasculares: “Constatou-se um grave e iminente risco de colapso no atendimento cirúrgico, em especial às crianças cardiopatas, com diminuição progressiva e acentuada no número de cirurgias cardiovasculares realizadas nos últimos cinco anos, além da não incorporação de novas tecnologias, e, por esse motivo, resolve-se alertar todas as autoridades para que se estabeleça uma interlocução imediata de discussão e equacionamento dos problemas existentes, preservando-se o legítimo direito da população de acesso universal à saúde”, diz o texto da nota reproduzida por Alvaro Dias.

A Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular alerta ainda que “considerando-se que no ano de 2014, computando procedimentos do SUS, particulares e convênios, chegou-se a um número total de 92.106 cirurgias cardiovasculares, enquanto que, em 2010, foram 102.300, pode-se constatar que houve um decréscimo em torno de 10 mil cirurgias, com fechamentos de hospitais e serviços de alta complexidade. Conforme ressalta o Presidente da Sociedade Brasileira, Marcelo Matos Cascudo, todo o sistema de atendimento em cirurgia cardiovascular, compreendendo hospitais, profissionais de saúde e indústria de equipamentos biomédicos, passa por dificuldades que podem se tornar insuperáveis se não tiverem a ação devida dos órgãos competentes. Isso certamente acarretará o desmonte do Sistema Público de Alta Complexidade e em particular a cirurgia cardiovascular, com danos irreparáveis ao equilíbrio da sociedade. Há que se ressaltar a importância da manutenção do bom funcionamento dessa especialidade, urna vez que as doenças cardiovasculares são responsáveis por 32% das mortes no País”.

Representantes da categoria enviaram, segundo Alvaro Dias, as reivindicações para autoridades de várias instâncias de poder, e, nesta terça-feira (19), a partir das 9h, participam de audiência pública na Comissão de Direitos Humanos do Senado para debater a crise. “A situação é alarmante! Não podemos ignorar um cenário de crise como o que se instalou na cirurgia cardiovascular em nosso País. As providências são absolutamente imprescindíveis, com urgência. Esperamos que nessa audiência pública de amanhã, com autoridades do setor, seja possível encontrar soluções para esta crise”, concluiu o senador.

Foto: Thati A. Martins