Reportagem do programa “Fantástico”, da TV Globo, apresentou, no último domingo (28/2), a dramática realidade do baixo volume de gastos com a saúde dos brasileiros pelo poder público. O resultado está presente em estudo inédito realizado em uma parceria do Conselho Federal de Medicina (CFM) com a ONG Contas Abertas. De acordo com o estudo, o gasto per capita do poder público em saúde por habitante é de R$ 3,89, por dia. Ao ano, pouco mais de R$ 1.419,84 por cada brasileiro. O estudo mostra que, proporcionalmente, Salvador é a capital que menos gasta com a saúde de seus habitantes no Brasil. A capital que mais gasta é Brasília. Mas como mostra a reportagem, mesmo gastos maiores não estão resultando em melhoria do atendimento à população.

A partir dos números, os repórteres do “Fantástico” visitaram hospitais em diversas capitais e registraram fatos que explicam a tragédia no atendimento público à população. No Rio de Janeiro, por exemplo, o diretor do hospital Pedro Ernesto abriu as portas aos repórteres e mostrou a ala de neurocirurgia de alta tecnologia, que está inutilizada porque não há quem retire o lixo ou lave os lençóis. No Distrito Federal a situação não é diferente: histórias de abandono mostram como uma capital com tantos recursos pode oferecer um serviço tão ruim quanto o de Salvador, que recebe muito menos verba.

O baixo gasto per capita com serviços de saúde é explicado, entre outras questões, pelo fato de o governo brasileiro gastar menos que a média mundial com a saúde de seus cidadãos. Dados divulgados no ano passado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que o Brasil se encontra em uma posição inferior à média global nos gastos com saúde. Hoje, mais da metade das necessidades de saúde de um brasileiro é paga pelo próprio cidadão, não pelos serviços públicos. O Brasil, hoje, possui grande distância em relação aos países desenvolvidos em relação ao nível de gastos com os serviços de saúde. Os Estados Unidos, por exemplo, gastam anualmente, per capita, US$ 3,7 mil; na Holanda, são US$ 4,8 mil e na Noruega, US$ 6,8 mil. No Brasil, esse gasto mal chega a US$ 400.