“Se o ministro da Justiça estiver de fato imbuído de um espírito desengavetador, então podemos esperar dele que instaure procedimentos para investigar os caminhos da ilegalidade que ligam um empreendimento hoteleiro em Brasília a uma arapuca no Panamá”. A afirmação foi feita pelo senador Alvaro Dias, na reunião da CCJ desta quarta-feira, ao citar reportagem do “Jornal Nacional”, da Rede Globo, que identificou os sócios ocultos do hotel que ofereceu salário de R$ 20 mil ao ex-secretário da Casa Civil, José Dirceu, condenado pelo STF e atualmente cumprindo pena na Papuda, em Brasília.

O “Jornal Nacional” encontrou o suposto presidente da empresa administradora do hotel de Brasília, que mora em uma área pobre, no Panamá, e trabalha como auxiliar de escritório em uma empresa de advocacia. Segundo a reportagem, o Hotel Saint Peter, que empregará José Dirceu, tem como sócio minoritário Paulo Masci de Abreu, irmão de José Masci de Abreu, presidente do PTN, partido que em 2010 apoiou a eleição da presidente Dilma. O sócio majoritário é uma empresa estrangeira, Truston International Inc, com sede na cidade do Panamá.

Na CCJ, o senador Alvaro Dias disse considerar grave a denúncia da TV Globo, e exigiu apuração do Ministério da Justiça e da Polícia Federal.

“Não podemos ignorar a importância e a gravidade desta denúncia. Ontem o ministro da justiça esteve aqui no Senado, e foi recebido com honras por esta casa. Ele alegou não ser engavetador e de trabalhar com espírito de desengavetador. Portanto, esperamos que ele possa esclarecer os mistérios desta arquitetura de ilegalidade visível, e que ele convoque especialistas para esta investigação. Os especialistas, aliás, não terão dificuldade para chegarem aos supostos proprietários deste hotel. Os caminhos estão desenhados, e os sócios ocultos ou proprietários ocultos serão facilmente identificados”, afirmou o senador Alvaro Dias.