Mais de 15 mil trabalhadores e representantes do setor sucroenergético realizaram uma manifestação nesta terça-feira (27), na cidade de Sertãozinho (SP), para protestar contra a crise que afeta o setor e que deixou 2 mil desempregados na cidade só no ano passado. Comerciantes não abriram as portas e também participam do ato, batizado de “Movimento pela retomada do setor sucroenergético”, e que conta com apoio de diversos órgãos, como Prefeitura, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica). Entre as reivindicações dos manifestantes, está o pedido de políticas para estimular o uso do etanol como combustível. “Não existem diretrizes para o setor. Não existe um plano, regras definida, o que o governo federal pensa realmente, o que ele quer. Até hoje não existe um mecanismo definido. O etanol é estratégico? Qual a perspectiva do etanol para os próximos 10 ou 15 anos? Até hoje, ele não é oficialmente considerado matriz energética brasileira”, criticou o prefeito de Sertãozinho, Zezinho Gimenez (PSDB).

Considerada um dos principais centros de produção de açúcar e etanol no país, a cidade de Sertãozinho vem registrando desaceleração desde a recessão econômica internacional. Isso porque 70% do Produto Interno Bruto (PIB) da cidade depende da cadeia produtiva da cana. A cidade, que há dez anos figurava na lista dos 100 maiores PIBs do país e já ocupou a quarta colocação no ranking nacional em qualidade de emprego, renda, saúde e educação, segundo o índice Firjan de desenvolvimento, hoje amarga um dos piores resultados na geração de empregos do Estado e, só nos últimos dois anos, deixou de arrecadar R$ 30 milhões em tributos. O presidente do Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis (Ceise-Br), Antonio Eduardo Tonielo Filho, explica que a redução do preço do açúcar no mercado externo e a política de controle de preço da gasolina pelo governo federal fizeram as usinas produzir menos e, consequentemente, a indústria metalúrgica – fabricante de equipamentos – também acabou sendo prejudicada.

A crise que motivou a manifestação desta terça-feira não atinge apenas Sertãozinho e o Estado de São Paulo, mas também o norte do Paraná, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul.