O governo Dilma não tem o direito de acusar os caminhoneiros de serem “serviçais de interesses escusos de partidos”, porque eles estão na luta por seus direitos, e porque cansaram de ver suas reivindicações serem ignoradas no Palácio do Planalto. O protesto foi feito pelo senador Alvaro Dias, na sessão plenária desta segunda-feira (9), ao comentar o movimento de paralisação de caminhoneiros realizado em diversos estados, e criticar o posicionamento do governo em relação à categoria. Para Alvaro Dias, o descaso do governo federal com os caminhoneiros é visível, e eles hoje se mobilizam por não enxergarem alternativas tanto para a quitação de suas dívidas como até mesmo para manterem sua atividade.

“É lamentável ver o governo Dilma tentando transferir a responsabilidade do movimento à motivação política e partidária. Que partido poderia estar por detrás dessa mobilização? Creio que é mais uma forma de desrespeito. O governo do PT vem desrespeitando os caminhoneiros. Há oito meses constituiu-se um conselho para debater as reivindicações. Lideranças vêm a Brasília e voltam sem solução alguma. As reivindicações não são atendidas e o governo não oferece alternativas para elas. Portanto, o Governo não tem o direito de tentar carimbar esse movimento como movimento de interesse meramente político. É evidente que caminhoneiros pedem a renúncia da Presidente Dilma, mas porque estão desesperançados, porque tiveram sua paciência esgotada ao longo desses meses de tentativa de renegociação das suas reivindicações. Portanto, não se trata de uma mobilização de natureza política, e sim de uma mobilização para salvar uma categoria profissional. Eles consideram que a profissão está se inviabilizando, que não há mais como sobreviver nessa profissão, e, por isso, angustiados, partem para a paralisação das nossas rodovias. E nós só podemos manifestar a eles nossa inteira solidariedade”, afirmou o senador Alvaro Dias.

Movimento democrático

Um grupo numeroso de caminhoneiros iniciou na madrugada desta segunda-feira protestos em rodovias e avenidas de pelo menos nove Estados. O movimento, que pede a renúncia da presidente Dilma Rousseff, foi organizado por motoristas autônomos desvinculados dos sindicatos e não tem previsão para acabar. No Paraná, os motoristas protestam em cinco pontos diferentes na BR 376, no Paraná, na altura das cidades de Paranavaí, Nova Esperança, Apucarana e Califórnia.

De acordo com o organizador do movimento, Ivar Luiz Schmidt, não há previsão para o fim da greve. “Ficaremos paralisados até que a presidente Dilma renuncie”, afirmou. Schmidt também foi o responsável por liderar a paralisação de fevereiro, que ocorreu em diversos Estados e chegou a afetar a distribuição de combustível pelo país. Na ocasião, o grupo pedia pela redução do preço do óleo diesel, criação do frete mínimo e liberação de crédito subsidiado para os transportadores. “As reivindicações (de fevereiro) não foram atendidas. Agora não queremos negociar, não aceitaremos acordo. Queremos a renúncia da presidente”, afirmou Schmidt.

Para o senador Alvaro Dias, o governo federal tem a obrigação de respeitar o movimento dos caminhoneiros. “Neste sistema democrático a que estamos sujeitos, o respeito à livre manifestação do pensamento e a mobilizações populares é primordial, como garantia de que estamos sob a égide de um Estado de direito democrático. Não cabe ao Governo acusar caminhoneiros de serviçais de interesses partidários localizados. Eles estão nas estradas, paralisando o trânsito, porque, desesperançados, não encontram alternativa de diálogo que possa resultar em sucesso para seus pleitos, para suas reivindicações”, afirmou.

Após manifestar, na Tribuna, sua integral solidariedade à manifestação dos caminhoneiros, o senador Alvaro Dias disse que, apesar de a paralisação causar prejuízos à economia, é preciso ter compreensão com a situação vivida por esses profissionais. “É evidente que reconhecemos que há prejuízos para terceiros, que a economia sofre consequências, pois há risco de desabastecimento, há risco também de falta de combustíveis. Enfim, os prejuízos são inevitáveis, mas nós temos que compreender o drama vivido por esses trabalhadores do volante, que percorrem as estradas do nosso País, transportando a nossa riqueza, o resultado do trabalho daqueles que produzem. Lamento, profundamente, que o governo não tenha essa sensibilidade de os acolher”, concluiu o senador Alvaro Dias no Plenário.